Quando nascemos
somos puras, sabemos o que viemos ao mundo fazer, sabemos quem somos, de onde
viemos e estamos em constante contacto com os seres de luz que nos guiaram até
a este mundo.
Ao crescer, este
mundo nos vai ensinando os seus meios, nos vai ensinando como nos devemos
comportar nele, como devemos usar os nossos corpos, e é tanta coisa para
aprender- porque precisamos aprender para sobreviver-, é um aprendizado tão
intenso que aos poucos nesse esforço que fazemos vamos deixando a nossa conexão
com a nossa história e com os nossos companheiros divinos. Coisas que já
existiam muito antes do nosso nascimento.
Recuperar a esta
nossa identidade espiritual, muitas vezes leva-nos à religião, o que também nos
ensina novas coisas sobre nós. Coisas em que acreditamos, independentemente de
as sentirmos como verdadeiras ou não nos nossos corpos, nos nossos corações. Criamos o nosso sistema de crenças e vivemos segundo elas.
Quando no Sagrado
Feminino se fala num corpo feminino sagrado esta noção pode soar muito parecida
à que nos foi ensinada pela religião. E apesar de ter algumas semelhanças pois
partes das religiões foram inspiradas nos princípios do Sagrado Feminino
também, as noções são um tanto diferentes.
Considerar o
nosso corpo sagrado, não é fecha-lo a sete chaves e esconde-lo do mundo,
oferece-lo só e unicamente ao homem que nos traz o casamento. Muito pelo
contrário, é despir-se de roupas, conceitos e ordens. É olhar-se a si própria
sem se julgar, sem preconceitos, sem hesitações e... Amar-se!
É ser-se verdadeira a si mesma.
Olhar para cada
curva dos seus seios, estando consciente de que você tem a capacidade
nutridora. E quando falo nutridora, não falo só do amamentar um bebé. Falo de todo o tipo possível e imaginário de nutrição que as mulheres sabem dar. Nutrição emocional, psicológica, espiritual, física e até profissional. Estar conscientes de que a estrutura física desses seios lhe permite alimentar
a humanidade e a sua consciência, e de que até que o ser humano esteja desenvolvido o suficiente
para comer aquilo que a terra lhe dá, para ser autónomo de mente, corpo e espírito, são os seus seios que lhe fornecem o
alimento, cólo, alento, que o nutre e o capacita para estar pronto para digerir um fruto, uma experiência, um desafio.
Olhar para os
seus pés e ver o quão fortes eles são por sustentar todo o seu peso, e leva-la
em frente no seu caminho pelo mundo. Dê-se conta que os seus pés lhe garantem
liberdade.
A minha bizavó dizia, "a sorte está nos teus pés." Eles tiram-na da cama, fazem-na erguer-se, só eles a encaminham para o seu destino, só eles a tiram da inércia e procrastinação e têm a força de estremecer o chão com todo o seu poder a cada passo que dá!
Olhar para as
suas mãos e estar grata pelo infindável número de coisas que elas lhe permitem
fazer: mãos que acariciam, mãos que curam, mãos que trabalham, mãos que cria, mãos que enxugam
lágrimas e acalentam prantos em horas difíceis, mãos que transmitem energia
através de gestos sinceros, mãos que cozinham para mais uma vez alimentar a
humanidade. O equilíbrio e saúde da humanidade depende das suas mãos.
Olhar para as
suas pernas e ver o quão fortes e ao mesmo tempo suaves macias e quentes elas são.
Quantos colos elas oferecerão, quantas crianças se sentirão seguras sobre e entre elas,
quantas vezes elas guiarão o homem ao doce da vida de que elas são guardiãs.
Pela sua força e maciez, elas defendem, guiam, acolhem, guardam.
Olhar para o seu
ventre e saber que nele reside o campo energético, o portal que estabelece a comunicação
entre o universo, o mundo espiritual e a terra, o mundo material. Saber que só
através desse portal é possível as almas virem encarnar neste mundo, saber que
através dele é possível fazer o caminho para a transcendência, saber que no
mundo este é o único meio material pelo qual se chega ao, e se vem do
espiritual. Saber que por causa disso a ligação das mulheres com o mundo
espiritual é mais fluída, mais rápida, mais facilitada.
Olhe-se
consciente de tudo isto e diga-me se não é sagrado o seu corpo? Se não merece
que o ame, que dance e cante em sua honra, que o venere e cuide bem dele,
deixando que só toque em sua pele aquilo que não a vai lastimar, cortar,
intoxicar, magoar. Deixando que só entre pela sua boca alimento que o vai nutrir e não
que o vai destruir. Deixando que o seu corpo lhe fale, lhe mostre o que é bom
para ele e o que não é, deixando que ele guie os seus movimentos e se desprenda
das amarras ensinadas pela sociedade para o conter.
O seu corpo é
selvagem. Ele quer sentir, ele quer SE sentir. Ele quer se expressar, quer
criar, quer falar, quer ser ouvido, quer ser doce, quer ser livre, quer... SER!
É no simples
deixar ser, que encontramos a essência, que encontramos o sagrado, que
encontramos a Deusa...
Sara
Texto lindo e inspirador.
ResponderEliminarEspelho das diversas potencialidades do ser femenino
Texto lindo e inspirador.
ResponderEliminarEspelho das diversas potencialidades do ser femenino
Gostei imenso.
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