domingo, 29 de março de 2020

O Corpo Feminino Sagrado


Quando nascemos somos puras, sabemos o que viemos ao mundo fazer, sabemos quem somos, de onde viemos e estamos em constante contacto com os seres de luz que nos guiaram até a este mundo.

Ao crescer, este mundo nos vai ensinando os seus meios, nos vai ensinando como nos devemos comportar nele, como devemos usar os nossos corpos, e é tanta coisa para aprender- porque precisamos aprender para sobreviver-, é um aprendizado tão intenso que aos poucos nesse esforço que fazemos vamos deixando a nossa conexão com a nossa história e com os nossos companheiros divinos. Coisas que já existiam muito antes do nosso nascimento.

Recuperar a esta nossa identidade espiritual, muitas vezes leva-nos à religião, o que também nos ensina novas coisas sobre nós. Coisas em que acreditamos, independentemente de as sentirmos como verdadeiras ou não nos nossos corpos, nos nossos corações. Criamos o nosso sistema de crenças e vivemos segundo elas.

Quando no Sagrado Feminino se fala num corpo feminino sagrado esta noção pode soar muito parecida à que nos foi ensinada pela religião. E apesar de ter algumas semelhanças pois partes das religiões foram inspiradas nos princípios do Sagrado Feminino também, as noções são um tanto diferentes.

Considerar o nosso corpo sagrado, não é fecha-lo a sete chaves e esconde-lo do mundo, oferece-lo só e unicamente ao homem que nos traz o casamento. Muito pelo contrário, é despir-se de roupas, conceitos e ordens. É olhar-se a si própria sem se julgar, sem preconceitos, sem hesitações e... Amar-se! 

É ser-se verdadeira a si mesma.

Olhar para cada curva dos seus seios, estando consciente de que você tem a capacidade nutridora. E quando falo nutridora, não falo só do amamentar um bebé. Falo de todo o tipo possível e imaginário de nutrição que as mulheres sabem dar. Nutrição emocional, psicológica, espiritual, física e até profissional. Estar conscientes de que a estrutura física desses seios lhe permite alimentar a humanidade e a sua consciência, e de que até que o ser humano esteja desenvolvido o suficiente para comer aquilo que a terra lhe dá, para ser autónomo de mente, corpo e espírito, são os seus seios que lhe fornecem o alimento, cólo, alento, que o nutre e o capacita para estar pronto para digerir um fruto, uma experiência, um desafio.

Olhar para os seus pés e ver o quão fortes eles são por sustentar todo o seu peso, e leva-la em frente no seu caminho pelo mundo. Dê-se conta que os seus pés lhe garantem liberdade.
A minha bizavó dizia, "a sorte está nos teus pés." Eles tiram-na da cama, fazem-na erguer-se, só eles a encaminham para o seu destino, só eles a tiram da inércia e procrastinação e têm a força de estremecer o chão com todo o seu poder a cada passo que dá!

Olhar para as suas mãos e estar grata pelo infindável número de coisas que elas lhe permitem fazer: mãos que acariciam, mãos que curam, mãos que trabalham, mãos que cria, mãos que enxugam lágrimas e acalentam prantos em horas difíceis, mãos que transmitem energia através de gestos sinceros, mãos que cozinham para mais uma vez alimentar a humanidade. O equilíbrio e saúde da humanidade depende das suas mãos.

Olhar para as suas pernas e ver o quão fortes e ao mesmo tempo suaves macias e quentes elas são. Quantos colos elas oferecerão, quantas crianças se sentirão seguras sobre e entre elas, quantas vezes elas guiarão o homem ao doce da vida de que elas são guardiãs. Pela sua força e maciez, elas defendem, guiam, acolhem, guardam.

Olhar para o seu ventre e saber que nele reside o campo energético, o portal que estabelece a comunicação entre o universo, o mundo espiritual e a terra, o mundo material. Saber que só através desse portal é possível as almas virem encarnar neste mundo, saber que através dele é possível fazer o caminho para a transcendência, saber que no mundo este é o único meio material pelo qual se chega ao, e se vem do espiritual. Saber que por causa disso a ligação das mulheres com o mundo espiritual é mais fluída, mais rápida, mais facilitada.

Olhe-se consciente de tudo isto e diga-me se não é sagrado o seu corpo? Se não merece que o ame, que dance e cante em sua honra, que o venere e cuide bem dele, deixando que só toque em sua pele aquilo que não a vai lastimar, cortar, intoxicar, magoar. Deixando que só entre pela sua boca alimento que o vai nutrir e não que o vai destruir. Deixando que o seu corpo lhe fale, lhe mostre o que é bom para ele e o que não é, deixando que ele guie os seus movimentos e se desprenda das amarras ensinadas pela sociedade para o conter.

O seu corpo é selvagem. Ele quer sentir, ele quer SE sentir. Ele quer se expressar, quer criar, quer falar, quer ser ouvido, quer ser doce, quer ser livre, quer... SER!

É no simples deixar ser, que encontramos a essência, que encontramos o sagrado, que encontramos a Deusa...

Sara

3 comentários:

  1. Texto lindo e inspirador.
    Espelho das diversas potencialidades do ser femenino

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  2. Texto lindo e inspirador.
    Espelho das diversas potencialidades do ser femenino

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