Meu querido Portugal...
Aqui vos fala uma portuguesa "café com leite", como vocês meus compatriotas dizem.
Bisneta de Santa Combadão, descendente de Judeus que decidiram vir fazer a vida em África onde ninguém teve a chance de lhes dizer "que voltassem para a sua terra", porque afinal África na altura era dos portugueses, e quem cá nascesse, até ao nascimento da minha mãe, era português também.
Nasci fora de solo português, ao contrário do meu irmão, nasci já de uma mistura de Portugal e África, mas coube-me a ancestralidade e a nacionalidade.
Meu querido Portugal, não vou fingir que não me tocas o coração, que não canto fado com alma, que não choro à beira do Tejo que não me acabo a dançar As Meninas da Ribeira do Sado, que não adoro o cheiro de fumo de Lisboa, ou que douradas não são o meu peixe favorito.
Mas meu querido Portugal, DESIGNORA-TE!!!
É desesperante que não o faças!
É desesperante que não o faças!
Quando não te aguentavas contigo mesmo, de pestes, miséria, crises sociais e sobrepopulação, pegaste numa bandeira com uma cruz arranjando desculpa divina para ires invadir e violar outras terras espalhando terror, desculturalização, apropriando-te de território que não era teu, de gente que não era tua, fazendo filhos em ventres que não honraste, deixando uma herança de roubo e corrupção e agora achas que "os pretos" caíram em teu território por acaso? E dizes que "voltem para a sua terra"??!
Deixa-te disso, que só te envergonhas!
Deixa-te de actos bárbaros contra quem veio de terras que te deram de mamar por séculos!
Devias estar a beijar-lhes os pés, pois forças-te-os a tirarem do seu para carregarem para o teu!
Devias estar a agradecer-lhes por te terem feito enriquecer e sair da miséria em que estavas para hoje poderes cruzar as cidades urbanizadas que o mundo vai olhando agora como o melhor destino turístico!
Devias honrar o sangue mouro, que mouro é negro, não é árabe branco como aparece nos teus livros adulterados de história, para fazeres as tuas gentes acreditarem que és branco "puro", e que corre nas tuas veias.
Deixa-te de actos bárbaros contra quem veio de terras que te deram de mamar por séculos!
Devias estar a beijar-lhes os pés, pois forças-te-os a tirarem do seu para carregarem para o teu!
Devias estar a agradecer-lhes por te terem feito enriquecer e sair da miséria em que estavas para hoje poderes cruzar as cidades urbanizadas que o mundo vai olhando agora como o melhor destino turístico!
Devias honrar o sangue mouro, que mouro é negro, não é árabe branco como aparece nos teus livros adulterados de história, para fazeres as tuas gentes acreditarem que és branco "puro", e que corre nas tuas veias.
Devias saber o que é a Mouraria que tanto cantas, de onde saiu o Fado que é património e te leva a glórias em tantos palcos.
Devias saber mais de ti mesmo e do que te faz Portugal antes de abrires a boca para dizeres que qualquer negro volte para a sua terra. Porque é de todo o negro que tu és composto!
É do suór de todo o negro que Portugal existe!
É do ventre de muita negra que o teu povo existe!
É do solo de terras negras que te soubeste pôr de pé!
É do ventre de muita negra que o teu povo existe!
É do solo de terras negras que te soubeste pôr de pé!
DESIGNORA-TE!!
Sobre ti mesmo, sobre a tua história, e deixa de ser a tua própria vergonha, que isso só é pura e simplesmente a não aceitação e ignorância de quem tu és.
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